Month: August 2014

Tablets na sala de aula

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Foto: Clarissa Bezerra

NOVOS ‘SABERES’ E NOVOS ‘FAZERES’

Segundo MORAES (2002), novas ferramentas e instrumentos causam mudanças culturais ao propiciar novas formas de fazer. Com novas formas de fazer, surgem novas formas de pensar esse fazer, gerando mudanças no saber. Diferentes tipos de tecnologias intelectuais estimulam diferentes dimensões cognitivas, ativando com mais frequência e/ou intensidade partes específicas do cérebro. Em decorrência disso, enfraquecem-se determinados estilos de saber derivados de outros modos de acesso e processamento de informação.  Percebendo essa tendência do processamento cognitivo diferenciado dos alunos pertencentes à nova geração, diversas escolas estão adotando o uso dos tablets para fins educacionais.  

Existe nos dias de hoje uma ampla discussão acerca da defasagem da educação tradicional, especialmente no que diz respeito à perspectiva dos jovens da ‘geração digital’. Para SACCOL et al (2011), o aluno de hoje já não consegue fazer sentido na maneira como a educação tradicional se estrutura, centrada no professor e desenvolvida de forma linear com base em texto e aulas expositivas. “A nova geração está costumada a agir em vez de passivamente assistir (…) Em vez de simplesmente absorver conteúdo, essa é uma geração acostumada a produzi-lo, tanto individualmente quanto em grupo, e compartilhá-lo em redes sociais.” (ibid p.21) Nessa perspectiva, a utilização de tablets para fins educacionais oferece um imenso potencial de engajamento por parte do aluno ao propiciar experiências de aprendizagem por meio de uma mídia digital que permite um tipo de interação com a informação que corresponde de maneira mais pessoal, e por que não dizer prazerosa, com a forma com a qual o jovem tem acesso à informação no mundo atual.

No entanto, não basta que haja uma mudança somente de ferramenta, nem mesmo uma mudança somente na maneira como o aluno entra em contato com a informação, ou conteúdo curricular. É necessária uma mudança mais profunda de paradigma educacional, de maneira que evoluamos em direção a uma abordagem mais complexa e menos linear, ou cartesiana (MORAES, 2002), do processo de ensino-aprendizagem. Um componente importante dos saberes do professor (TARDIFF, 2002) é fazer com que qualquer material, seja ele impresso na forma de um livro ou apostila, ou outro tipo qualquer, ganhe vida no processo de ensino-aprendizagem. O professor é o elemento humano responsável pela mediação pedagógica que deve acontecer entre aluno e conteúdo, que nesse caso acontece por meio de uma interface digital, de maneira que a informação se torne conhecimento para o aluno por meio da experiência de aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1965). É por isso que GABRIEL (2013) defende que “(…) o principal investimento deve ser feito em pessoas para capacitá-las e educá-las para esse cenário. (…) Tecnologia não é diferencial, mas o modo como a utilizamos, sim.” (ibid, p.7) Sendo assim, a formação continuada do professor segue tendo um papel preponderante na qualidade da experiência de aprendizagem do aluno.

FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA

A capacitação dos professores para utilização efetiva de conteúdo por meio de plataformas digitais exige, entretanto, uma apropriação mais pessoal por parte do professor das tecnologias utilizadas. Um aspecto que torna essa apropriação problemática é o fato de que o professor de hoje não é um ‘nativo digital’, ou seja, ainda opera sob princípios e saberes advindos de tecnologias do conhecimento antigas, normalmente aquelas que foram utilizadas quando ele mesmo foi aluno. Esse aspecto torna o treinamento para a utilização efetiva dessas novas ferramentas um grande desafio para esses profissionais, desafio esse que deve ser conquistado se quisermos evitar continuar “otimizando o péssimo” (MORAES, 2002) ao utilizar novas tecnologias apoiadas, no entanto, numa visão pedagógica tradicionalista e instrucionista, na qual o aluno permanece passivo no processo de aprendizagem. Ainda segundo MORAES,

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O fato de integrar imagens, textos, sons, animação, e mesmo de interligar informação em sequências não lineares, como as atualmente utilizadas em multimídia e hipermídia, não é garantia de boa qualidade pedagógica e de uma nova abordagem educacional. Programas visualmente agradáveis, bonitos e até criativos podem continuar representando o paradigma instrucionista ao colocar no recurso tecnológico uma série de informações a ser repassada ao aluno. Dessa forma, continuamos preservando e expandindo a velha forma como fomos educados, sem refletir sobre o significado de uma nova prática pedagógica que utilize esses novos instrumentos. (ibid, p.16)

Segundo o NMC Horizon Report, o desenvolvimento profissional contínuo é condição sine qua non para que alcancemos altos níveis de qualidade do processo de ensino-aprendizagem por meio do uso de tecnologias digitais. Esse tipo de treinamento precisa ser valorizado e se tornar parte da cultura das escolas. Os professores precisam desenvolver as habilidades necessárias para integrar os recursos tecnológicos de maneira efetiva, tornando a experiência de aprendizagem ainda mais significativa para os alunos.

APRENDIZAGEM UBÍQUA E COM MOBILIDADE

O uso de dispositivos móveis, tais como os smart phones e tablets, para fins educacionais constitui um grande desafio para as práticas docentes atuais. Por todo o mundo, educadores e pesquisadores na área de educação têm se debruçado sobre o desenvolvimento de metodologias didático-pedagógicas que possam incorporar o uso desses dispositivos de forma a explorar todo o seu potencial de mobilidade sem, no entanto, perder de vista valores centrais que informam as boas práticas docentes que colocam o aluno e sua experiência de aprendizagem no centro do planejamento e das ações pedagógicas. É nesse contexto que se fundamentam os conceitos de mobile learning ou m-learning (aprendizagem com mobilidade), e ubiquitous learning ou u-learning (aprendizagem ubíqua).

Para que o planejamento e as ações didático-pedagógicas possam propiciar aprendizagem de qualidade, é imprescindível que tenhamos conhecimento dos diversos benefícios e potenciais, assim como das limitações, desses tipos de aprendizagens. SACCOL, SCHLEMMER e BARBOSA (2011) fazem uma exposição detalhada desses aspectos no quadro 1.1 (ibid, p. 34 e 35), do qual escolheremos aqueles mais relevantes para o cenário da escola em questão.

ALGUNS BENEFÍCIOS E LIMITAÇÕES

O primeiro benefício do m-learning e u-learning é a flexibilidade em termos de local e horário em que a prendizagem pode ocorrer. No entanto, segundo SACCOL et al, pode haver limitações de tempo disponível ao aluno para desempenhar as atividades, assim como pode ser limitada a própria quantidade de conteúdo a ser coberto pelo aluno. No presente contexto, o aluno faz uso de um material didático desenhado e desenvolvido para ser acessado pelo tablet. O professor pode extrapolar esse conteúdo, compartilhando outros recursos pertinentes aos conteúdos curriculares, direcionando os alunos a simular ou aplicar conteúdo teórico em situações práticas ou por meio do uso de recursos digitais tanto do próprio material quanto daqueles existentes online. Para tanto, faz-se necessário que o professor busque desenvolver suas habilidades de curadoria digital, explorando as possibilidades da Internet e o vasto universo de conteúdo que se encontra à disposição de todos aqueles que a ela tem acesso. Ainda na dimensão da flexibilidade, podemos explorar também aquela referente à aprendizagem de campo, fora do ambiente da sala de aula. Essa liberdade de movimento por parte dos alunos promove grandes potenciais para experiências de aprendizagem significativa, favorecendo ainda aqueles alunos que se beneficiam do movimento corporal, por exemplo, para dar maior significado ao seu aprendizado.

Outra dimensão do m-learning e u-learning que consideramos como um de seus maiores benefícios é a personalização da experiência de aprendizagem da qual decorrem outros aspectos importantes, tais como o engajamento, a autonomia e a criação de conteúdo por parte do aluno.  São inúmeras as possibilidades de engajamento em pesquisa propiciadas pelos dispositivos móveis conectados à Internet. Os alunos podem ser direcionados a exercitar e desenvolver suas habilidades de pesquisa ao buscar conteúdos pertinentes ao que se está aprendendo no currículo, ou conteúdos que beneficiem e enriqueçam as discussões de sala de aula. Tais dinâmicas de pesquisa e aprendizagem podem ser ainda mais valorizadas por meio da colaboração e do compartilhamento do conteúdo curado ou criado pelo próprio aprendiz, agregando valor ao seu trabalho a partir do momento em que ele pode ser desenvolvido para uma audiência real, constituída de seus pares, professores, familiares e quaisquer outros indivíduos com quem possa conectar.  Tomemos como exemplo a possibilidade de um aluno poder dividir uma resenha crítica de sua autoria com o próprio escritor da obra estudada. É perfeitamente possível hoje em dia essa conexão por meio das mídias sociais, a exemplo do Twitter.

Diante de tantas possibilidades proporcionadas dentro do contexto do m-learning e u-learning deve-se sempre manter o foco no aluno e nos objetivos da aprendizagem, já que o apelo estimulante da exploração dessas tecnologias pode resultar num foco excessivo na tecnologia (tecnocentrismo), razão pela qual voltamos a enfatizar a importância do treinamento continuado do corpo docente de forma a assegurar o foco central das práticas pedagógicas adotadas nos objetivos reais de aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSUBEL, D. A cognitive structure view of word and concept meaning. In R.C. Anderson e D. Ausubel.Readings in the Psychology of Cognition. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1965.

DIAMANDIS, Peter H. KOTLER, Steven. Abundance: the future is better than you think. New York: Free Press, 2012.

GABRIEL, Martha. Educar: a revolução digital na educação. São Paulo: Saraiva, 2013.

GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas. A teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.

JOHNSON, L., ADAMS BECKER, S., CUMMINS, M., ESTRADA, V., FREEMAN, A., LUDGATE, H. NMC Horizon Report: Edição K-12 2013. Tradução para o português pela Ez2translate. Austin, Texas: The New Media Consortium, 2013.

MERIJE, Wagner. Mobimento: educação e comunicação mobile. São Paulo: Peirópolis, 2012.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. Campinas: Papirus, 2002.

SACCOL, Amarolinda. SCHLEMMER, Eliane. BARBOSA, Jorge. M-learning e u-learning: novas perspectivas das aprendizagens móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

TARDIFF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

Taking on #ccourses

My friend Maha was the one to point to this rabbit hole called Connected Courses. Awesome. I’m thinking of dragging my friend Carla Arena down this one with me. We have a project in the oven and I feel that jumping into #ccourses might give us a good taste of open education environments and practices which will be key to our concocting of this and so many other projects. Back to my friend Maha, she also has some cool ideas for EdConteXts and Connected Courses to blend and hack-back (though I’m not sure what that looks like in practice, at least not just yet). Which is fine, since embracing uncertainty is certainly something so… so rhizomatic.

And we love us some rhizomes for supper, don’t we Maha? Carla, help yourself.

So, bring it on Connected Courses.

Warmest,

C.

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The 1st Advanced Planning Hub

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We share because we care. (design by Clarissa Bezerra)

Today we launched the Advanced Planning Hub project, with our first face-to-face gathering over at Casa Thomas Jefferson – Sudoeste Branch. This was an idea I had after analyzing the results of a recent survey I carried out with our Advanced level teachers. The purpose of the survey was to foster some reflection on the work developed throughout our first year using Viewpoint (Cambridge University Press) with our Upper-Intermediate level students. This was also a way to get feedback from our teachers as to how they evaluate the effectiveness of the material, as well as identify possible issues or difficulties that may have come up during these two semesters. The overall result of the survey was very positive. Acceptance of the newly adopted material is very high among our Advanced teachers, and we all know that’s key for successful teaching and learning in any course.

There was one aspect that called our attention in the survey results. Apparently, a few teachers had been having some difficulty planning and delivering the Conversation Strategy lessons (lessons C in Viewpoint) in a way that would be more meaningful for their students. It is worth mentioning here that the majority of our upper-intermediate and advanced student population is made up of teenagers, which makes our reality very peculiar, since most, if not all of the EFL/ESL materials available at this level target older learners (young adults and adults). Teachers felt that the way these lessons are structured sometimes yields quite mechanical responses from students. Therefore, we needed to find ways of making these lessons more meaningful, fostering more authentic communication in class. That’s when the idea of the Hub first occurred to me. As course supervisor, I’d been not only teaching with the material, but I had also been talking to teachers about it, as well as observing a number of classes. I knew that there were teachers who had been planning and delivering highly engaging, effective Conversation Strategy lessons, for example. What I needed to do was get those teachers who’d been struggling together with those who had been having all sorts of great ideas for those lessons, and let the magic of sharing work its wonders. And so it was that at 10:00 am today, we had a beautiful collection of thirty eight teachers (that’s about 40% of the total number of Advanced level teachers this semester, so wow!) eager to share their wonderful ideas with each other.

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The Hub in action.

For our F2F gathering today, I had put together a workspace within our school wiki – The Advanced Planning Hub – a place for teachers to share their lesson plans (lesson goals, step-by-step procedures, and supporting materials) and also find help when they have run out of ideas. So this morning, I showed them our new workspace. Our Hub gathering began with two of our teachers, Diana do Amaral and Cristina Bolissian, sharing/presenting a lesson plan of their own, which they had sent me the previous week and which had been shared on the Hub workspace. After that, teachers worked in smaller groups, sitting in round tables spread in the room, and engaged in very productive lesson-planning dynamics. They organized themselves into the different levels they are teaching this semester and went about feeding our Hub with great lesson plans.

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Macaroons of appreciation! (photo shared by teacher Anna Lúcia)

Time flew by, and it was already 11:30 am when I interrupted their busy work. I asked if anyone would like to share something they had learned during that time spent together with their fellow teachers. Some of them volunteered to share all kinds of tips, ranging from handling technology in the classroom (like using the class software and configuring the right screen definition for it to work properly) to actual methodological aspects, such as asking more challenging questions to engage students, and how the revised Bloom’s Taxonomy verbs may help us do that. After that, it was time to go, but not before getting a small token of appreciation from their supervisor – ahem, yours truly – in appreciation for the fact that each one of these educators had chosen to spend two hours of a lovely friday morning planning lessons together, having a good time together, and showing that they care for their own professional development and for each person sitting next to them.

This post goes to all of the people who helped this idea fly today. Hopefully, this was the first of many Hub gatherings to come!

Here’s to caring and sharing!

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